O Grito dos excluídos a 21 anos faz o contra ponto de uma data que para a maioria dos brasileiros não faz nenhum sentido, tende em vista a situação social de milhares de excluídos de todas as benesses produzidas com o suor de homens e mulheres trabalhadores/as. Tudo por conta da corrupção, desmandos, privilégios mantidos com a malversação do erário público. O desfile cívico serve para camuflar tal situação.
Neste ano, o Grito dos Excluídos/as, que comemora
21 anos de história, alerta para a situação de violência em que o país se
encontra, na qual as vítimas maiores são as juventudes da periferia. E chama a
atenção para o papel destruidor da mídia cujo principal objetivo é defender os
interesses das classes dominantes, que dita seus valores e quer dirigir o
pensamento do povo brasileiro. Além disso, reflete sobre direitos a moradia, educação, saúde e direitos.
“Começamos perguntando-nos: ‘Que
País é este?’ E as respostas vêm do dia a dia, das periferias, onde sobrevivem
as famílias pobres, das juventudes que sofrem as retaliações e as exclusões de
uma sociedade elitista e seletiva, dos negros e periféricos vítimas das drogas
e do sistema, encarcerados e esquecidos nos porões e pocilgas humanas do
perverso sistema carcerário, dos operários de quem, aos poucos e sutilmente,
são retirados os direitos, dos idosos mendigando o direito a viver com
dignidade os últimos dias de sua vida”, afirma o Padre.
Afinal, “Que país é este, que mata gente, que a
mídia mente e nos consome?”. Esse é o tema do Grito dos Excluídos/as de 2015,
que convoca os generosos e generosas, excluídos e oprimidos a se unirem na luta
pelos direitos conquistados e a conquistar. Bem como para desmentir a mídia burguesa
e conservadora e a cobrar do Estado sua responsabilidade na garantia desses
direitos.
Os meios de comunicação estão concentrados nas
mãos de poucas famílias no Brasil. Neste contexto, a mídia mente, deturpa os
fatos, cria situações para destruir direitos dos trabalhadores e dos
pobres. A democratização dos meios de comunicação se faz necessária, já
que a própria democracia fica comprometida sem uma comunicação em que todos e
todas possam falar e ser ouvidos, em que a diversidade e a pluralidade de ideias
existentes no país circulem de forma equilibrada nos meios de comunicação de
massa.
Em primeiro lugar, é preciso lembrar que os
serviços de rádio e televisão são, assim como a energia, o transporte e a
saúde, serviços públicos que, para serem prestados com base no interesse público,
requerem regras para o seu funcionamento. No caso das emissoras de rádio e TV,
a existência dessas regras se mostra fundamental em função do impacto social
que têm as ações dos meios de comunicação de massa, espaço central para a
veiculação de informações, difusão de culturas, formação de valores e da
opinião pública.
Vale lembrar também que, além de um serviço
público, a comunicação eletrônica representa um setor econômico dos mais
importantes do país. Assim como outros, precisa do estabelecimento de regras
econômicas para o seu funcionamento, de modo a coibir a formação de oligopólios
ou de um monopólio num setor estratégico para qualquer nação.
Por fim, o simples estabelecimento de uma
regulação da radiodifusão não pode ser tachado de cerceamento da liberdade de
imprensa ou então de censura porque é isso o que diz e pede a própria
Constituição brasileira de 1988, ao estabelecer princípios que devem ser
respeitados pelos canais de rádio e TV.
Regular os meios de comunicação de massa, neste
sentido, está longe, portanto, de estabelecer práticas de censura da mídia.
Trata-se de uma exigência constitucional de definir regras concretas para o
funcionamento destes veículos no sentido de atender aos objetivos definidos
pela sociedade em sua carta maior.
(da Coordenação)